top of page

Inseguranças e aprendizagens - Salphy - criar um projeto de artesanato sustentável em madeira


Para criar a Salphy precisei de aprender muito. Ainda preciso de aprender muito para chegar ao meu objetivo com o projeto.




Este projeto iniciou-se após a passagem no Programa Surf para a Empregabilidade da Associação Surf Social Wave em 2019, onde tive oportunidade de aprender as bases para criar uma apresentação de um projeto, orçamentos, análises financeiras, marketing, como contar a história de um produto e muito, muito mais.


Aprendi aquilo que necessitava para montar um projeto. E assim foi, surgiu a ideia da Salphy.

Com a ajuda do Programa consegui estruturar a ideia, tinha tudo pensado, tinha o nome, o que ia fazer, onde ia fazer, como ia vender, etc. Ou assim achei..



Quando comecei a "pôr as mãos na massa", senti-me muito insegura, incerta sobre cada pequena decisão pois não queria desviar-me do meu objetivo.


Não sabia se ia correr bem, se o meu modelo de negócio ia ser rentável ou até se iria eventualmente ter clientes que gostassem do meu trabalho e da filosofia por detrás do mesmo.


Queria criar sem gerar mais desperdício, principalmente se usasse matérias que não fossem recicláveis ou reutilizáveis no fim de vida da peça. Então defini que iria usar, sempre que possível, matérias reaproveitadas.

Não me fazia sentido gerar ainda mais desperdício que fosse tóxico ou ir constantemente adquirir matéria prima e que esse ato tivesse um impacto negativo ambiental.


Queria criar um projeto artístico que fosse sustentável e assente numa economia circular.

Porquê?

Desde muito jovem que fui apresentada ao tema da preocupação ambiental na escola, foi dos temas que sempre me acompanhou. Quando olho para trás, para os meus 13 anos de idade, percebo que a ideia de criar a reaproveitar estive presente em diversos momentos da minha vida.

Juntava bujigangas antigas, desmontava e criava novas peças. Limpava capsulas de café e, ao coser um fecho, criava porta-moedas. Nestes momentos criei com o que já tinha disponível, criei através de economia circular sem sequer conhecer o conceito.


No entanto, duvidava que conseguisse ser bem sucedida a montar um projeto, mesmo de pequena escala, sozinha. Afinal era artista, o meu foco sempre fora a arte, e não confiava, ainda, nestas novas skills que tinha adquirido de gestão financeira e gestão de projeto.


Tinha imenso medo de falhar.





Mas avancei! É preciso acreditar e arriscar.

Comecei por vender peças de artesanato a amigos e a fazer crescer a rede de seguidores e possíveis clientes no instagram. Basicamente, dar a conhecer a Salphy e o seu trabalho. A frequência de vendas era baixa ao início, tinha por isso pouco conteúdo para publicar, experimentei realizar um giveaway que funcionou como um aumento de trafego na rede e nas vendas também. O crescimento da Salphy foi crescendo organicamente a partir daí, com a publicidade "boca a boca" onde quem recebia uma peça personalizada como prenda por vezes contactava-me de volta para adquirir uma peça também para oferecer.


O percurso foi demorado e por vezes difícil onde tive períodos longos sem vendas, mas a Salphy foi crescendo, foi-se adaptando. Hoje até já tem peças de artesanato em lojas físicas como a Miramar na Costa da Caparica e o Bana Praia em Carcavelos, e ainda com novos parceiros em negociações no momento.


Aprendi que o mais importante é não perder o foco e ganhar força para nos voltarmos a levantar.

Fui adquirindo novas ferramentas para desenvolver o projeto com sucesso à medida que fui trabalhando no mesmo. No entanto, reconheço que dificilmente teria os conhecimentos práticos de que necessitava se não tivesse tido a oportunidade de falar com profissionais experientes durante o Programa Surf para a Empregabilidade onde nasceu a Salphy.


Aqui aprendi a conhecer o mercado e a fazer mais e melhor. Saber o que é efetivamente empreendedorismo e um empreendedor, o que é preciso para montar um projeto sustentável, a importância do online num projeto, como orçamentar as peças de artesanato que realizo, como balançar custos e lucros, o que é efetivamente economia circular e como funciona, etc.


Mas também aprendi a ter confiança nas minhas decisões e em mim, a acreditar no meu projeto, a não desistir e a adaptar-me às circunstâncias adversas que pudessem surgir pelo caminho. No fundo a evoluir pessoalmente para evoluir com o projeto simultaneamente.


Hoje sou colaboradora da Associação Surf Social Wave e continuo a acompanhar as edições seguintes do Programa Surf para a Empregabilidade ao fazer a gestão das mesmas e, a cada edição, absorvo como empreendedora novas aprendizagens com os facilitadores que participam e partilham as suas experiências.

Empreender pode ser verdadeiramente assustador, mesmo num projeto tão pequenino como o meu.


Questionamo-nos sempre se estamos a tomar uma decisão que vai ter sucesso ou não e, principalmente, se tiver sucesso... Somos capazes de gerir e dar resposta a esse sucesso?


É preciso ter disciplina, organização e ser realista!

A disciplina foi o ponto com mais importância que aprendi durante o Programa e melhorei durante o desenvolvimento da Salphy. Até hoje continuo a aprender a ter mais disciplina e uma melhor organização. Quando o projeto depende só de nós, quando definimos os nossos próprios horários e as horas que dedicamos a um projeto, é essencial seguirmos os objetivos a que nos propomos mas, também, é essencial definir objetivos realistas.


O que significa?

Significa que tenho de aliar um horário laboral com um horário de gestão de projeto e definir se sou capaz de organizar os meus dias de forma a ter tempo para realizar as peças que vendo. Significa menos horas de sono, por vezes fico até mais tarde a trabalhar mesmo que tenha de acordar cedo no dia seguinte.

Significa também ter mais organização de pequenas e grandes tarefas e custos financeiros, perceber onde e como faz sentido divulgar os produtos, que produtos desenvolver e o lado financeiro da criação, gerir uma plataforma de vendas, criar parcerias com sentido e gerir as mesmas, etc.


Por vezes correrá bem e por vezes correrá menos bem.

Ainda estabeleço alguns objetivos irrealistas, outras vezes sobreponho demasiados objetivos, ou não consigo a parceria que idealizava, ou a parceria não corre bem. Mas o importante é aprender com o caminho e perceber o que pode correr melhor. Sempre sem perder o foco:


Criar melhor.


Este é o principal objetivo que tenho com a Salphy. É a receita perfeita entre os meus valores e a minha arte.


Acredito que o que aprendo diariamente, aliado ao feedback e às experiências que já tive com o trabalho desenvolvido na Salphy, são aprendizagens essenciais para o rumo que o projeto tem hoje e com o qual estou feliz e satisfeita.



O projeto não é perfeito, há espaço para melhorar e é para aí que estou a caminhar.

Conto estar constantemente a aprender para fazer melhor, passo a passo.

Seja para adquirir ferramentas técnicas de organização e gestão ou para aprender a gerir melhor as minhas dúvidas e inseguranças.


Se tens um projeto na gaveta que te entusiasma, rodeia-te das pessoas que te podem ajudar a crescer e a concretizar esse projeto, pesquisa, procura adquirir skills para que te tornes conhecedor dos temas que tocam os teus projetos, direta ou indiretamente.

Não esperes pelas condições perfeitas. Cria as melhores condições possíveis para começar, mesmo que não sejam as ideais, e cresce organicamente sempre em adaptação para chegar um pouco mais perto dessas condições perfeitas.


Se tens um projeto na gaveta que te entusiasma, simplesmente faz... tudo o resto se vai construindo.


Deixo esta reflexão para os empreendedores e intraempreendedores que lerem este texto e estejam a bloquear-se no início de um projeto, espero que seja tão desbloqueador como tem sido para mim.


Obrigada pelo tempo que disponibilizaste a ler esta breve partilha,


Sara Silva

Fundadora do Projeto Salphy - Arte e Artesanato sustentável.

bottom of page