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Como um projeto fez a diferença na minha vida - Salphy



Olá, o meu nome é Sal Silva e sou fundadora do projeto de artesanato Salphy.


Este Post serve para partilhar convosco como surgiu a Salphy e de como este projeto de artesanato foi importante para a minha autoestima como artista e pessoa.

Em Janeiro de 2019 encontrei-me pela primeira vez desempregada, tinha 23 anos, até então sempre trabalhei nas mais diversas coisas. Mas desta vez não estava a conseguir valorizar-me e ao meu trabalho, tornando a procura de emprego ainda mais penosa e difícil.

A 29 de Janeiro de 2019 ingressei num programa que mudou a minha vida e onde reencontrei o meu valor, o Programa Surf para a Empregabilidade da Associação Surf Social Wave.




Aqui fui completamente desafiada com uma simples pergunta "o que é que tu queres fazer?"


Pois.. Tive alguma dificuldade em responder ao início, queria trabalhar com arte mas tinha perdido a capacidade de autocrítica e de ser capaz de dizer "sou boa nisto" ou "isto é bom" quando olhava para os meus trabalhos.


Passei as primeiras semanas desse programa sem saber o que queria, sem sentir que tinha algo bom para dar.. Isto aliado à pressão de estar sem trabalho foi muito desmotivante. Sentia que estava a ser uma fraude por estar num programa onde via colegas a desenvolver projetos e eu me sentia totalmente perdida.


Até que, numa hora de almoço, o meu coach, que também era formador e mais tarde se tornara meu mentor, fez uma simples observação que mexeu com a minha confiança em mim e na minha arte.

Perguntara-lhe como é que eu ia construir uma apresentação e um projeto se não sabia sequer o que é que tinha para dar, não conseguia olhar para mim e ver o que eu tinha que poderia ter valor. Ele olhou para o meu caderno de desenhos, que me acompanhava sempre, e disse "Pois eu estou a ver daqui".


Foram as palavras que eu não sabia que precisava de ouvir. Não por serem a epítome da motivação mas por serem tão naturais e constatarem algo tão óbvio que eu desesperadamente precisava interiorizar. Eu tenho valor.

Podemos ouvir incentivos de familiares imensas vezes mas no fundo pensamos sempre que estão a ser simpáticos por serem família, é diferente ouvir de alguém que acabaste de conhecer não é?

Apercebi-me que para mim criar já era tão natural que, inconscientemente, perdera a capacidade de olhar para o meu trabalho artístico e reconhecer habilidade e valor (e na realidade sempre tinha tido uma grande dificuldade em valorizar monetariamente o meu trabalho muito por achar que era fraco ou banal).

Após alguma reflexão, finalmente conseguia ver-me a delinear um projeto e algum entusiasmo começava a crescer.


Finalmente nasceu uma ideia!


Admito ue não foi de um dia para o outro, mas lá comecei a idealizar algo.

Aliar o gosto pela fotografia e vídeo com a minha mais recente paixão, o Surf, e ainda arte relacionada com o mar e os seus desportos. Foram as primeiras linhas estruturais do meu projeto e logo de seguida surgiu o nome.. Sal + Photography = Salphy


Muito pouco tempo depois, e como se tudo se estivesse a alinhar de propósito, realizámos no programa um workshop numa oficina para construir uma prancha em madeira e decidi aproveitar os excessos da madeira para fazer uns porta-chaves em formato de pranchas de surf em tom de brincadeira para oferecer à família.




Sem me aperceber tinha acabado de fazer os primeiros porta-chaves Salphy!!

Ofereci um à minha mãe, ela mostrou às colegas e, ao partilhar nas redes sociais, geraram-se vários pedidos entre família e amigos. Todos queriam as minhas mini-pranchinhas e percebi que sem dúvida havia mercado, estava perto do caminho certo.


No entanto, na altura, o principal era a fotografia e vídeo, o artesanato era acessório.

Ainda realizei alguns trabalhos de fotografia e vídeo para escolas de Surf e fotografei o Campeonato Nacional de Bodysurf 2019, mas rapidamente percebi que não era esse o caminho. Decidi abdicar destes produtos no início de 2020 e dedicar-me ao artesanato.


Continuava muito entusiasmada com a receção positiva dos porta-chaves e com as possibilidades de trabalhar com madeira. Descobri aí uma paixão que suspeito que sempre tive mas não quis reconhecer.

Os anos anteriores não tinham sido fáceis e, pela primeira vez em muito tempo, estava empolgada com alguma coisa e sentia vontade de continuar a criar.


Chega então a pandemia e, para mim, ter a Salphy permitiu-me criar e partilhar imenso os trabalhos que me iam pedindo. Foi um escape à situação toda.

Percebi que era mesmo o que queria fazer, artesanato sustentável, criar peças personalizadas pelos clientes, criar peças que chegassem a um público mais familiar.


Refleti sobre o que seria a Salphy e a sua mensagem.


Decidi pensar um pouco e regressar à pergunta "o que é que tu queres fazer?".


Queria criar mas também queria transmitir uma mensagem de sustentabilidade com os meus produtos, ficava cada vez mais sensibilizada com o problema do microplástico e não queria contribuir para isso. Então estabeleci parcerias com a Bzalo e a 4Garden para rentabilizar o desperdício de madeira deles de forma mais definitiva, estabelecendo a Salphy com base numa economia circular e com o compromisso pessoal de reaproveitar toda a madeira que adquiria ao máximo.


Agora sim, tinha um propósito, um público alvo, cada vez mais vontade de criar e alguns objetivos a longo prazo.




Hoje existe uma maior diversidade de peças, mas ainda não temos 100% dos produtos feitos de madeira rentabilizada de desperdícios. No entanto esse é um dos objetivos. Temos uma linha de produtos "natura" onde todos os componentes dos produtos são sustentáveis e naturais, podendo ser biodegradáveis ou recicláveis no seu fim de vida, mas gostava de poder dizer isso de 100% dos produtos.

Não sei se irei atingir este objetivo a que me propus mas sem dúvida que continuarei a tentar. Hoje orgulhosamente falo da Salphy e valorizo o meu trabalho e o meu talento graças à contínua recetividade que os produtos têm tido junto do público, família e amigos incluídos.


Para mim este projeto é algo que me motiva diariamente a continuar a ser criativa e a acreditar que é possível trabalhar a fazer o que gostamos e aliar o mesmo a causas em que acreditamos. Brevemente iniciamos uma campanha de apoio a canis e gatis de algumas zonas através da compra das nossas peças.


Obrigada por leres,

Sal Silva


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